
Beto Magnani, Juliana Fagundes e, no alto, Thais Aguiar: sertanejos em época e lugar imprecisos. (Foto: Lenise Pinheiro)
A época é indefinida e a geografia, imprecisa; sabemos apenas que o lugarejo onde se encontra a pensão de Cora (Juliana Fagundes) e sua filha Belbelita (Thais Aguiar) será inundado pelas águas de uma represa. Os demais moradores já partiram, mas as duas mulheres permanecem ali, à espera do retorno incerto de José, filho de Cora, vendido a estranhos quando tinha 8 anos. Nesses anos todos, Belbelita cultiva um jardim na esperança de que as flores atraiam borboletas azuis para sua coleção. A rotina delas muda com a chegada de Rafael (Beto Magnani), um viajante interessado em comprar as terras próximas à futura hidrelétrica. Intimista, poética e, ao mesmo tempo, melodramática, Borboleta azul aborda o universo mítico do Brasil sertanejo. Trata-se da nova montagem da Cia. Pessoal do Faroeste, que antes, em Cine Camaleão – A boca do lixo, havia retratado a efervescência cinematográfica dos anos 1970 na Rua do Triunfo, onde hoje a sede do grupo convive pacificamente com o degradado entorno da Cracolândia. O diretor Paulo Farias optou pela simplicidade – da sonoplastia sem artifícios à iluminação com velas e lampiões – para ressaltar a sensação de angústia e expectativa que cerca as duas mulheres.
BORBOLETA AZUL. De 14/6 a 1º/9, qui. e sex. 19h; sáb. 21h30. Sede Luz do Faroeste: R. do Triunfo, 301, República, t Luz, tel. 3362-8883. Gênero: drama. Duração: 60 min. Classificação: 16 anos. Ingressos: o espectador define quanto quer pagar (reservas por telefone custam R$ 30).